Aprendi a cozinhar ainda criança e desde então venho colecionando receitas. Outro dia, arrumando a casa, me deparei com meus fichários e pastas de receitas, e, fiquei perplexa com a quantidade acumulada ao longo dos anos. Criei então este blog com o intuito de arquivá-las e organizá-las. Muitas receitas já foram feitas, mas muitas outras ainda estão esperando a sua vez.
Sou uma pessoa que adora comer e cozinhar para as pessoas que amo. Meu amor pela culinária começou bem cedo. Cresci cercada por mulheres que cozinhavam (e bem!) e suas cozinhas sempre foram as estrelas de suas casas. Para mim essas mulheres mais pareciam bruxas, feiticeiras.
Era fascinante ver como da mistura de vegetais, grãos e especiarias, elas transformavam aqueles ingredientes em um delicioso, cheiroso e bonito prato. A cozinha era um maravilhoso mundo de cores, texturas, cheiros e sabores. Era não só o santuário de deliciosos pratos, mas também de muitas conversas, segredos, lágrimas, risadas e sobretudo amor. Eu via o amor nos olhos de cada uma delas ao cozinhar para os seus entes queridos
e o desejo de agradar a quem comia seus pratos. Foram essas mulheres maravilhosas que me ensinaram a gostar de comer e também de cozinhar.
Entre uma conversa e outra, um conselho e outro, uma risada e outra, ia observando, provando e aprendendo sobre a arte de cozinhar. Lembro com muito carinho das muitas conversas e risos na cozinha da minha amada tia Cecília, enquanto ela fazia seu inesquecível pastel de patê de presunto, bombons, biscoitos de queijo parmesão, sorvetes e seus apetitosos bolinhos de carne assada entre muitos outros pratos.
Lembro também de uma crise de risos que durou cerca de meia hora por causa de um sorvete de flocos na cozinha da minha madrinha e também dos maravilhosos pães e panetones salgados que minha mãe faz e que a cada ano ficam mais gostosos. Entre muitos outros pratos. Minha mãe é praticamente uma chef, embora não tenha feito nenhum curso de gastronomia. Tudo o que sabe aprendeu por conta própria graças ao seu amor pela culinária.
Achei incrível a primeira vez em que vi minha mãe fazendo pão e como da mistura (química) de dois sólidos (fermento e açúcar) surgiu uma substância líquida. Até hoje me maravilho com isso!
Essas são apenas algumas das minhas muitas lembranças que vêm carregadas de uma grande carga emocional, mas também são acompanhadas por cheiros de especiarias, cores e formas diversas, além de muito amor.
Comer não apenas nutre nosso corpo, mas também a alma e nos mantém conectados com aqueles a quem amamos e que, infelizmente, não podemos mais desfrutar de suas companhias. Aprendi com minha querida tia Cecília a fazer uma salada de parafuso com atum, que eu não consigo comer sem me lembrar dela, ou então, aqueles mini-pães carecas para cachorro-quente (coió), sempre lembro que ela colocava com requeijão de copo, e eu adorava.
É maravilhoso como as pessoas se juntam ao redor de uma mesa para comer. Cozinhar é uma arte e a comida agrega as pessoas. Tenho lembranças inesquecíveis de almoços e jantares, onde todos comeram e se divertiram. E dos ótimos churrascos da minha mãe, que juntava muitas pessoas em casa.
Como consequência disso tudo, me tornei uma pessoa que adora cozinhar, comer e aprender receitas novas. Adoro receber os amigos em casa e fazer uma grande bagunça, e, em geral, o ponto alto acontece no que chamo de "momento cozinha". É aquela hora em que sem a menor explicação todo mundo se junta na cozinha e fica ali, batendo papo, bebendo, num momento aconchegante e leve. Adoro quando isso acontece, coisa que, aliás, é muito frequente em minha casa.
Vou terminando por aqui com um provérbio italiano que diz:
"Alimento e bebida mantêm a alma e o corpo unidos."
Até a próxima!
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